quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Içás

Existem pratos, quitutes e petiscos universais. É o caso, por exemplo, da batata frita, da calabresa, aipim (ou mandioca) e uma série infindável deles. Por outro lado, há outros petiscos cuja apreciação é tão localizada que é até difícil explicar para moradores de outros lugares.

Um destes é o içá – ou a içá. Para quem não conhece, içá é a fêmea da formiga saúva. Na porção paulista do Vale do Paraíba, a farofa de içá é muito apreciada. O mais interessante é que dificilmente você vai encontrar em outro lugar quem já tenha ouvido falar em içá. Toda vez que eu conto que para alguém “de fora”, a primeira reação é de incredulidade. A segunda, dependendo do “refinamento” do paladar do sujeito, é de nojo. Só experimentando para saber.

Monteiro Lobato, o escritor que melhor retratou a vida do homem simples do Vale do Paraíba, chegou a dizer que “o içá é o caviar do taubateano”. Mas, se você acha que vai encontrar o prato em restaurantes e lanchonetes, pode esquecer. Isso é feito em casa, para os amigos.

É claro que tem muita gente que não gosta – minha mãe, por exemplo, não pode nem ouvir falar. Minha tia, irmã de meu pai, é capaz de se enfiar no formigueiro para garantir uma porção generosa.

Quando viajo para Lorena, sempre tenho onde matar a saudade da farofinha de içá – com cerveja, é claro. Meu tio Carlinho, minha tia Odete e meu amigo-irmão Fernando sempre têm uma porção reservada, pronta para ser fritinha e transformada em farofa. Você, leitor ou leitora, pode desfazer esta cara de nojo. É bastante crocante e com sabor marcante. E não mata ninguém. Em outro post eu coloco uma receita bem facinha de farofa de içá.

5 comentários:

Alexandra disse...

Já desfiz a cara de nojo. Até pq aqui nos Campos de Cima da Serra a galera adora comer bago de touro assado na brasa...
Mas fiquei curiosa para saber como, digamos, se coleta a matéria prima para o preparo do içá.
Bjs

Marcelo Santos disse...

Alexandra, a coleta é feita no formigueiro. Se encontrar um tempinho, explico ainda hoje em outro post.

Abraço e obrigado pela visita.

Marcelo

Giancarlo Proença disse...

Tô vendo aí uma oportunidade de negócio: comércio interestadual de içá. A farofa é de içá fresca ou pode ser congelada?
Abs.

Aline Cabral Vaz disse...

Pra quem comia farofa de tatuíra catada na areia dos Ingleses, essa aí até que é light!
Bem vindo à blogolândia, vou te colocar lá na lista de blogs amigos!

Jongo de Piquete disse...

Içá pode ser encontrada o ano inteiro no Restaurante Ocílio Ferraz - Cozinha tropeira de primeira no pé da Serra da Bocaina.
Fica na Estrada dos Tropeiros, km 17 – Bairro do Ventura em Silveiras / SP
Lá o Almoço Tropeiro é servido de segunda a segunda.
[12] 3106-1103 - Reservas e Informações para grupos