sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Madrigal melancólico

O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas

O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA !!!

Manoel Bandeira

Esse poema foi um dos vários declamados pelo meu professor de Biologia do cursinho, Dècourt, em 1992. Todo final de aula ele dava um show, declamando um belo poema ou, por vezes, cantando uma canção em nossa homenagem. Aqui, em um vídeo que achei hoje, ele canta "Modinha", de Chico e Vinícius. Grande abraço, professor.

2 comentários:

Carlos disse...

Olá gostei do blog. Podemos no linkar.

Marcelo Santos disse...

Carlos, obrigado pela visita. Não sou um atualizador assíduo, mas de vez em quando tem pastéis quentinhos por aqui. E ainda tenho que aprender a listar as dicas de blogs. Mas vamos indo. Grande abraço.